terça-feira, 31 de março de 2009

Refletindo com Pe Antônio Carlos sobre Fraternidade e Segurança Pública

FRATERNIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA na visão do Pe Antônio Carlos



A crise financeira mundial atual está a lançar sinais preocupantes para os próximos anos. Como cristãos comprometidos nos preocupamos com o futuro das famílias mais carentes e dos países mais pobres.
Estamos a viver a maior crise financeira mundial desde há mais de 70 anos. Tudo começou nos Estados Unidos da América com a falência de grandes bancos e seguradoras. Foi o suficiente para arrastar outros bancos da Europa e provocar uma quebra nas ações das bolsas por todo o mundo.
Numa tentativa de contrariar esta onda de pessimismo e desconfiança em relação à economia, os governos saíram em auxílio dos bancos para os salvar da falência. Os Estados Unidos lançaram um plano de 700 milhões de dólares. O mesmo têm feito, outros governos, um pouco por todo o mundo.
Muitas vozes se têm ouvido contra estas «injeções» de dinheiro nos já ricos bancos e banqueiros. Os bancos são à base da economia e daí que «se os bancos falissem, não apenas desapareceriam as nossas poupanças, mas com elas acabariam muitos negócios e empregos. A crise econômica seria terrível e, como acontece sempre, são os pobres quem mais sofrem. Por isso, a intervenção é necessária», justifica o economista João César das Neves.
Como cristãos empenhados nas questões de justiça e paz, preocupamo-nos acima de tudo, com os efeitos negativos que esta crise poderá ter sobre as famílias mais carentes e os países mais pobres do mundo.
A FAO, Organização para a Alimentação e Agricultura, já alertou para o fato de a crise financeira ir certamente agravar a falta de comida no mundo. Muitos agricultores deixarão de cultivar as suas terras, do que resultará uma quebra nas colheitas, lançando milhares de pessoas na fome.
Olhando para Portugal, o panorama não se apresenta muito promissor. As instituições de solidariedade social, como o Banco Alimentar contra a Fome, já vieram a público dizer que tem aumentado o número de pessoas a pedir ajuda junto desses organismos devido ao aumento do preço dos alimentos e dos juros a pagar pelos empréstimos. O mais preocupante é que muitas dessas pessoas têm emprego, mas o seu salário não chega para todo o mês. Um dado novo é que as classes médias, as mulheres e as crianças serão as mais afetadas.
Ao mesmo tempo, que tomamos conhecimento desta realidade, foi divulgado um relatório da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento) que aponta para o aumento da diferença entre ricos e pobres em Portugal. Este país aparece ao lado dos Estados Unidos em matéria de má distribuição dos rendimentos e só está à frente da Turquia e do México.
Qual deve ser, então, a nossa resposta e atitude, como Igreja e cristãos comprometidos, perante este cenário tão pessimista?
Não cabe à Hierarquia, mas sim aos leigos dar soluções técnicas e econômicas. Essa é a tarefa dos governos e das instituições financeiras. Já a contribuição de todos, a nível pessoal e comunitário, passará muito pela vivência de um estilo de vida mais sóbrio que privilegie a pessoa humana, o cuidado da Natureza e a prática da solidariedade.
Há nível global, a comunidade internacional deve cumprir as suas promessas de ajuda aos países mais pobres, apesar da atual crise financeira, como têm defendido a ONU e o Vaticano. Foi isto que afirmou o cardeal Renato Martino, da Comissão Pontifícia Justiça e Paz: «Todos devem colaborar para o bem de todos... Impõe-se a necessidade de solidariedade também para com os países mais pobres.»
Coordenação Paroquial dos Grupos de Famílias
Marlene K Colombo

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